Se existe algo que é motivo de orgulho para nós latinos-americanos, é o fato de que nosso continente foi o berço e palco de importantes civilizações milenares que deixaram grandes contribuições para a história da humanidade. Sobre algumas delas você já ouviu falar e talvez até já tenha lido algo a respeito, ou quem sabe, já visitou as ruínas das principais cidades ou tem vontade de conhecê-las. E aqui falo sobre os Incas, Maias e Astecas.
Porém, existiram outras civilizações que se desenvolveram ou anteriormente ou contemporâneas ou mesmo posterior a essas três mais conhecidas. Suas histórias são tão fascinantes quanto às desses povos mais conhecidos e, em alguns casos, contribuíram decisivamente para a formação dos principais impérios pré-colombianos. Entre outras, podemos citas os Olmecas, Zapotecas, Toltecas, Teotihuacanos, Mixtecas, Moches e Tiahuanacos.
Antes de serem quase que praticamente exterminadas pelos dominadores espanhóis, essas civilizações, cada uma ao seu modo, constituiriam civilizações eficientes, organizaram grandes cidades. Também desenvolveram a agricultura e o comércio, estabeleceram complexas hierarquias sociais, elaboraram impressionantes construções que resistem ainda hoje e se tornaram centros de visitação para turistas e viajantes que tem curiosidade em conhecer as impressionantes ruínas que recontam, pelo menos em partes, a história dessas civilizações.
Eles também contribuíram de forma decisiva para o desenvolvimento da cultura de diversos povos e países no nosso continente. Podemos tomar como exemplo, os Incas para a população do Peru, os Tiahuanacos para a Bolívia, os Maias para a Guatemala e os Astecas para o México. Todas essa civilizações contribuíram para na formação cultural e histórica da América, além de possuírem um valor sem tamanho para a cultura mundial.
Se você se interessa pelo assunto e quer saber um pouco mais sobre as civilizações milenares que se desenvolveram na América Latina, continue acompanhando esse texto e descubra mais sobre como viviam, como se organizavam e quais contribuições deixaram para a posteridade.
Civilizações milenares: Astecas, Maias e Incas
Os Astecas
Quando chegaram nas Américas em 1492, os espanhóis se espantaram diante das civilizações tão bem organizadas e desenvolvidas que encontraram em nosso continente. Não imaginavam que, além da Europa, poderia existir outras formas de organizações sociais tão bem sucedidas e suntuosas. Ao desembarcar na região central do México, se dapararam com a civilização Asteca e com a cidade que era a capital desse povo, Tenochtitlán, construída em ilhotas levantadas sobre o lago Texcoco.
Hernán Cortéz então se espantou diante do que via e quase não podia acreditar: uma cidade muito bem estruturada, com uma bela arquitetura dos prédios públicos, um requintado planejamento urbanístico, uma organização social bem estruturada e, principalmente, a quantidade de pessoa que ali habitavam: cerca de 700 mil. Tenochtitlán era, naquela época, uma cidade muito maior do que Londres e Paris e tão organizada e estruturada quanto fora Roma.
A civilização Asteca, que durante os séculos XIV e XVI habitaram a região central de onde hoje é o México, se tornou um dos mais conhecidos impérios pré-colombianos. Temidos por serem habilidosos guerreiros, os Astecas possuíam uma estrutura organizacional muito sólida e fundaram, no século XIV, a cidade de Tenochtitlán, capital do império, onde hoje está localizada a Cidade do México.
Como sociedade, os Astecas seguiam uma organização hierárquica formada primeiro pelo imperador, o qual acreditavam ter origem divina, depois pela nobreza asteca, seguida pelos sacerdotes e militares. Já as camadas mais baixas dessa hierarquia, como os camponeses e artesãos, eram a maioria da população e eram obrigados a prestar serviços ao imperador quando ele solicitava. A forma de governo era a monarquia hereditária e, apesar das decisões do imperador serem supremas, ele governava com o auxílio de um de conselho imperial, o “Grande Conselho”, formado por membros da nobreza asteca.
O fim dos povos Astecas começou em 1519 quando sofreram uma invasão dos espanhóis e perderam o controle de várias tribos e pequenas cidades próximas a Tenochtitlán. Nessa data, Hernán Cortés juntou seu exército e, partindo da ilha de cubana, atacou os Astecas que eram governados por Montezuma II. Cortez, sabendo das histórias mitológicas astecas que o deus Quetzalcoatl – a serpente emplumada – retornaria, fez-se passar pelo deus serpente, invadiu a capital Tenochtitlán e praticamente aniquilou os astecas, pondo fim em um dos mais fabulosos impérios pré-colombianos.
Para os viajantes que hoje desejam conhecer a cidade de Tenochtitlán, devem saber que a Cidade do México foi construída praticamente por cima da antiga capital asteca. Porém é possível visitar parte das ruínas do Templo Mayor na Praça das Três Culturas, Cidade do México. E para os que dispõe de mais tempo para visitar outras ruínas e sítios arqueológicos da diversas civilizações que se desenvolveram em território mexicano, podemos citar Tenayuca (Chichimeca), Cuilcuilco, Xochicalco, Monte Albán (Zapoteca), Tula Xicocotitlan (tolteca), El Tajín (Totonaca), Teotihuacan (Teotihuacano), entre outros.
Os Maias
No ano de 1492, quando os espanhóis desembarcaram na Península de Yucatán no continente em que hoje conhecemos como América Latina, a civilização Maia – uma das maiores da mesoamérica – já havia diminuído consideravelmente e vivam um processo de incorporação e anexação por outras civilizações, mas seu legado estava encravado definitivamente em nosso continente. Os Maias foram habilidosos engenheiros e astrônomos, desenvolveram um sofisticado calendário, de 365 dias, além de um complexo sistema de escrita.
Também faziam uso da matemática – inclusive compreendiam e utilizavam o número zero, um avanço muito grande para a aplicação da matemática nessa época. O motivo do declínio e desaparecimento dessa civilização não são muito claros, mas algumas evidências apontam para severas mudanças climáticas ocorridas na península de Yucatán, combinadas com guerras que forçaram a população a abandonar os grandes centros devido à fome.
Os povos Maias, entre os séculos de IV a.C. e IX a.C., habitaram uma grande região compreendida pelos atuais países da Guatemala, Honduras, Belize e a Península de Yucatán no México. Diferentemente das outras duas clássicas civilizações Incas e Astecas, os Maias nunca chegaram a formar um império unificado, pois se organizava em cidades-estados independentes entre sí, tendo cada uma sua propria organização política, econômica e social. Essa característica, contribuiu para os deixar minimamente mais vulneráveis ao domínio de outros povos.
As cidades eram regidas por um núcleo religioso e outro político formando um governo teocrático. Já no que diz respeito à organização das cidades, as áreas urbanas e próximas ao grandes prédios públicos eram habitadas pelos nobres, chefes militares e sacerdotes, enquanto que os camponeses residiam nas áreas rurais e periféricas. A civilização Maia tinha a agricultura como base de sua economia, podendo destacar o milho, o feijão e os tubérculos como principais produtos que eram por eles cultivados. Com base no profundo conhecimento de arquitetura e engenharia que acumularam ao longo de mais de mil anos, acabaram por dominar técnicas avançadas para armazenar água e para a irrigar suas plantações.
As construções mais belas e representativas da engenharia Maia são as pirâmides, palácios e templos, locais em que ficam evidentes o alto grau de desenvolvimento de sua arquitetura. Para os que desejam conhecer de perto a genialidade da civilização Maia, podem se programar para fazer a Rota Maia que têm em seu percurso cidades como Tikal, Palenque, El Caracol, Tulum, Mérida, Chichén Itzá, Uxmal, Copán, Bonampak, Mirador, Xunantunich, Lamanai, entre outros.
Os Incas
A civilização Inca (Tahuantinsuyo) é o resultado da junção de sucessivas populações andinas e se tornou o maior império pré-colombiano da América do Sul. O povo Inca viveu aos pés das Cordilheiras dos Andes, no território que hoje abrange os países que conhecemos como Colômbia, Equador, Peru, Chile, Argentina e Bolívia. A capital do seu império foi fundada na cidade de Cusco, no Peru, ainda no século XIII e a tradução do nome Cusco significa “umbigo do mundo”.
Com uma hierarquia baseada no poder divino do imperador conhecido como Sapa Inca, representante do “Deus Sol”, o império utilizava as classes mais baixas para servir ao imperador e para trabalhar nas exuberantes construções compostas de grandes blocos de pedras encaixadas, tornando a arquitetura e a engenharia a marca maior dessa civilização.
Além da arquitetura de suas principais cidades, os Incas possuíam uma agricultura altamente desenvolvida, baseada num sistema criado por eles, que consistia em construir degraus nas encostas das montanhas que compõe a Cordilheira dos Andes. Nessas escadarias plantavam milho, feijão e batatas, além de domesticarem lhamas e vicunhas para uso como meio de transporte, para obtenção de lã e para se alimentarem da carne desses animais. Ao observar fotos ou as próprias ruínas das cidades que integraram o Império Inca, podemos perceber que os projetos arquitetônicos eram complexos e incluíam palácios, fortalezas, prédios públicos e templos com dimensões surpreendentes.
Outra forte característica do povo inca era a sua religiosidade, tendo como base a veneração dos elementos da natureza, tais como o sol, a lua, o raio e a terra. Para os Incas, tudo o que a natureza oferecia ao homem deveria ser retribuído e para isso organizavam rituais religiosos em agradecimento à Mãe Terra (PachaMama), por exemplo, no caso das colheitas de alimentos.
Essa grande civilização também criou um dos maiores sistemas viários da história da humanidade. Visando interligar os quatro Suyos (regiões) do império, eles construíram uma série de estradas de pedras, cortando a Cordilheira dos Andes, em que era possível percorrer desde Pasto, na Colômbia, até Santiago, no Chile em apenas 10 dias. A intenção ao construir essa complexa rede de estradas era facilitar a comunicação e o deslocamento entre as pessoas, bem como a locomoção do exército para facilitar a defesa do império.
Quando os espanhóis chegaram à região do Império Inca no século XVI, essa civilização vivia uma série de conflitos internos que ocasionou uma sangrenta guerra civil. Além desses conflitos, temos também a varíola que havia sido trazida pelos europeus para o continente americano e também contribuiu para dizimar grande parte da população. Interessados nas riquezas naturais e em todo o ouro disponível na região, os espanhóis, liderados por Francisco Pizarro, se aproveitaram dessa instabilidade para promoverem um violento processo de massacre e dominação. Depois de muita resistência dos Incas, os poucos sobrevivente foram submetidos ao poder dos espanhóis no ano de 1571, apos a morte de seu líder, Tupac Amarú I.
Para quem quer conhecer uma das cidades mais celebradas e importantes da Civilização Inca, pode viajar até o Peru e dirigir-se até Machu Picchu, para ver de perto as ruínas da antiga “Cidade Perdida dos Incas”. Também podemos visitar Cusco, Ollantaytambo, o Vale Sagrado Dos Incas, Puno, Chichero, Sacsayhuaman, Pisac, Chan Chan, Nasca, entre outras. Outra possibilidade para os que desejam experienciar todo o trajeto que os incas faziam de Cusco até Machu Picchu, é percorrer o “Qhapaq Ñan – O Caminho Inca”. Diversas agências especializadas oferecem esse passeio que percorre as estradas construídas pelos Incas em plena cordilheira dos Andes.
Essas são apenas algumas das grandiosas civilizações que se desenvolveram em nosso continente antes da chegada dos colonizadores. Para apresentar de forma mais aprofundada as diversas civilizações que aqui habitaram, utilizaremos outros artigos e publicações neste site. A lista é grande e os lugares são encantadores. E se você têm interesse em conhecer as ruínas e cidades que fizeram parte dessas grandiosas civilizações, não perca a chance, se programe, faça as malas e embarque nessa aventura!