O tango é, certamente, uma das atrações mais encantadoras da Argentina, e visitantes do mundo todo são seduzidos pela dança, pela sensualidade e pelo drama que essa atração artística evoca. Assistir um espetáculo de tango, seja em uma tradicional e centenária casa de shows ou nas ruas da cidade, é um roteiro obrigatório para quem visita à capital portenha.
Se você está indo pela primeira vez à Argentina, ao assistir uma apresentação de tango pela primeira vez, com certeza se surpreenderá em como essa dança consegue captar e traduzir a a almas dos nossos irmãos portenhos. Para quem já apreciou pessoalmente uma apresentação de tango, sabe do que estou falando.
Um amigo brasileiro, que viveu na Argentina por alguns anos, certa vez me disse algo assim: “os argentinos possuem três grandes e verdadeiras paixões na vida: a mãe, o tango e o futebol.” Para quem conhece um mínimo da cultura desse país, sabe que ele não estava mentindo.
Considerada como um dos mais emblemáticos elementos da cultura e do turismo argentino, essa dança surgiu à margem da elite, em verdadeiros guetos, e somente com o passar do tempo foi socialmente aceito até se transformar em um verdadeiro símbolo nacional. Vamos conhecer agora um pouco dessa trajetória, que certamente, tornará o tango ainda mais interessante e atrativo.
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Surgimento e afirmação do tango argentino
Melancólico e dramático, essa dança argentina nem sempre teve essas características peculiares que o tornaram famoso em todo o mundo. Voltando no tempo e visitando a Buenos Aires do fim do século XIX, o que se encontra é uma cidade jovem, repleta de imigrantes italianos, espanhóis, franceses e poloneses, que estimulados a povoar a nova terra, trouxeram consigo hábitos e costumes de seus países de origem, enriquecendo a cultura local.
Em sua grande maioria, esses imigrantes eram homens, que migravam sozinhos, e com essa grande massa masculina solitária, Buenos Aires assistiu à proliferação dos prostíbulos, chegando a contabilizar mais de duzentos estabelecimentos desse gênero.
A procura era tão grande, que era preciso esperar muito tempo para ser atendido, e os responsáveis pelas casas de diversão da época resolveram implementar apresentações musicais e de dança para entreter os rapazes que aguardavam ansiosos a sua entrada.
Com a mistura de culturas e estilos, as apresentações mesclavam diversas danças e ritmos, como a polca, tradicionalmente europeia, o candombe, do Uruguai, a Havaneira, originária de Cuba e a já famosa milonga, de origem espanhola.
Em seus primórdios, o tango era executado por três músicos, que tocavam com um ritmo mais acelerado, e que somente com o tempo foi ganhando letra. As canções narravam situações daquele cenário, o prostíbulo, e durante um bom tempo, ficou restrito aos seus frequentadores, e visto com maus olhos pela elite da cidade e pelas pessoas “de bem”.
Muitos dos imigrantes, no entanto, voltavam a seus países de origem, e com eles, levavam o novo ritmo, sendo que particularmente em Paris, o tango já era conhecido, por conta desse fluxo migratório. No início do século XX, com o sucesso fora do país, o tango argentino começou a ganhar os contornos que o caracterizam hoje, como um ritmo mais lento e cadenciado e letras melancólicas e dramáticas.
A popularização ocorreu com a chegada do tango aos ricos salões de baile de Buenos Aires, e teve em Carlos Gardel, um ícone desse estilo, um dos grandes responsáveis pela aceitação e reconhecimento de todas as classes da população.
Desde então, o tango se caracterizou como a principal manifestação de arte e cultura do povo portenho, e sua fama alcançou todos os cantos do mundo, implementando uma verdadeira indústria de turismo e de viagens.
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Locais históricos oferecem apresentações diariamente
Os viajantes que passam por Buenos Aires, dispõe de uma imensa gama de possibilidades para conferir in loco essa arte tradicional argentina. Um exemplo é na Calle Caminito, a rua que é um verdadeiro museu a céu aberto, onde você muito provavelmente poderá assistir na rua uma apresentação. Nossos hermanos respiram tango vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, e abaixo listamos algumas das principais casas de espetáculo que oferecem a atração:
Señor Tango: embora seja relativamente recente, inaugurado em 1996, o Señor Tango é considerado uma das principais casas de tango de Buenos Aires, já que foi concebida e é administrada por um especialista no assunto, o conhecido cantor Fernando Soler. São dois salões dedicados ao tango, com a opção de jantar, e o local fica no bairro de Barracas, reduto tradicional do tango portenho.
El Viejo Almacén: aberto desde 1969, no tradicional bairro de San Telmo, oferece espetáculos de tango de altíssima qualidade, além de um jantar requintado, que inclui bebidas nacionais e importadas, com valores de variam de U$ 90 a U$ 180 dólares, incluindo translado do hotel.
Café Tortoni: um dos mais requisitados destinos dos turistas de todo o mundo, destaca-se pela arquitetura original do século passado e pelas apresentações de tango em dois ambientes distintos, com a atmosfera nostálgica e encantadora da Buenos Aires de outros tempos.
Esses são apenas alguns exemplos, já que em cada canto da cidade, e como já dissemos, inclusive a céu aberto, é possível contemplar e apreciar essa arte típica de Buenos Aires, que fascina turistas do mundo todo e que ficará para sempre gravada na memória dos visitantes. E para quem está buscando atividades para fazer na capital argentina, de uma conferida no artigo “Buenos Aires: uma capital charmosa e envolvente”.
Você já viu uma apresentação de tango ao vivo na Argentina? Conte nos comentários como foi sua experiência. E se gostou desse texto, deixe sua curtida e compartilhe com seus amigos. A Argentina é um país fascinante e o melhor de tudo, é nosso vizinho, o que facilita muito planejarmos uma viagem até la. Agora é com você: programe-se, organize-se e viaje até lá para conhecer de perto a cultura dos nossos hermanos.